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Caro(a)  Ítalo-brasileiro(a)

No decorrer da campanha eleitoral assumi, solenemente, alguns compromissos com os meus eleitores; meu dever de parlamentar é o de representar a Itália e o seu povo no Parlamento, da mesma forma que os meus outros colegas deputados e senadores.

É claro, porém, que o meu dever de deputado e a minha ética política levam-me a manter um vínculo muito forte com os italianos da América do Sul e, de maneira muito especial, com os meus eleitores residentes no Brasil e, em termos gerais, com a grande comunidade ítalo-brasileira.

Uma comunidade forte e orgulhosa, significativa não apenas numericamente mas, também, devido ao grande valor de sua história e de sua atual realidade.

Uma comunidade que pede para ser respeitada e valorizada e que apresenta seus  pedidos consciente de que a Itália será beneficiada, em primeiro lugar, devido a um relacionamento mais correto e responsável com seus filhos que vivem neste grande País.

Recentemente resolvemos um desses problemas: o pagamento das pensões brasileiras na Itália. Outras questões continuam em aberto: a correta aplicação do acordo sobre a dupla taxação tributária (principalmente para os aposentados); o acordo para o reconhecimento das habilitações de motorista nos dois Países; a atualização do acordo bilateral de segurança social; o pleno e recíproco reconhecimento dos títulos de estudo e o incentivo de bolsas de estudo e intercâmbio; uma maior ação de promoção da língua e da cultura italiana e uma simplificação dos procedimentos de inscrição na Anagrafe dos residentes no exterior.

Diante de tal quadro, não esqueci, e nem poderia ser diferente, as reivindicações relativas a um a melhoria dos serviços consulares em geral, a partir da definição de uma séria e definitiva solução para o que não me cansarei de chamar como “vergonhosa questão da fila da cidadania”.

“Vergonhosa” pois não honra a Itália e a sua história; “vergonhosa” pois é ofensiva ao bom senso e ao necessário respeito às leis de um Estado de direito; “vergonhosa” pois cria uma má imagem e  um contínuo mal estar, seja entre as autoridades diplomático-consulares italianas seja entre os milhares de cidadãos que a elas se dirigem.

Pela primeira vez na história do Parlamento italiano, durante a legislatura passada, levei esse assunto ao plenário do Montecitório, na esperança de que o governo entendesse e tomasse providências. Compreendesse sobretudo que uma solução do problema traria apenas benefícios diretos e indiretos ao nosso País.

Não aconteceu assim e, como indiquei no meu pronunciamento na Câmara, os cidadãos indefesos dirigiram-se amiúde à justiça ordinária para exigir o respeito a seu direito, na forma e, principalmente, nos prazos previstos pela lei italiana.

A atual legislatura nasceu há poucos meses e, há pouco mais de três meses temos, finalmente, um governo em plenas funções. Não é minha intenção fazer rodeios ou procrastinar ainda mais, nem esperar pelos longos prazos da atividade parlamentar para enfrentar uma situação que já chegou ao limite (repito, para os nossos consulados e para os cidadãos).

Minha firme intenção é dirigir-me diretamente ao governo, na pessoa do Ministro das Relações Exteriores, Emma Bonino, para colocar definitivamente um fim na “vergonha” em questão. O farei, se assim concordarem (e não tenho razões para duvidar) juntamente com meus colegas eleitos no Brasil: unidos somos mais fortes e unidos pediremos uma resposta em nome dos italianos do Brasil.

Soluções existem, se existir vontade política de executá-las. Esse será o nosso próximo desafio.